O restaurante Bambi, que fez fama por 50 anos voltou!
O restaurante Bambi, que fez fama por 50 anos voltou!
Por Patricia Tartari | 04 de Setembro 2009
A tradicional comida árabe e os mais sofisticados pratos internacionais estão à sua espera
Se naquela época já eram muitas as casas, em São Paulo, que serviam comida árabe, hoje nem se fala. Mas o restaurante Bambi sempre mereceu um destaque especial, pelo capricho com que a comida era preparada, preservando os temperos originais e proporcionando um sabor autêntico ao prato e um paladar bastante refinado.
“E dessa vez não vai ser diferente”, garante Edgard Sader, filho do fundador da casa Louis Sader.
O cardápio da casa vem assinado pelo premiado chef Benon Chamillian (ex-Mandalun) que além de trazer novidades da cozinha árabe mantém alguns pratos tradicionais que consagraram a casa.
As entradas não fogem muito da tradicional culinária árabe mas aparecem com um toque especial do chef como o Homus Bambi – pasta de homus temperada com snoubar na manteiga queimada. Além disso o menu traz o famoso Tabule, a salada que leva o nome do chef, Salada Benon (salada de Frutas secas como, tâmara, damasco, tomate, cebola, hortelã, nozes, uvas passas claras e escuras e trigo grosso claro, temperada com coalhada fresca e mel), Esfihas com os mais diferentes recheios (carne, coalhada seca, verdura e zaatar), Kibe frito, cru, assado e de peixe.
Entre os sanduíches que o Bambi oferece podemos citar o tradicional Beyrouth, o Arayess (Pão sírio grelhada, recheado de kafta temperada com tahine), o Malak (pão sírio queijo derretido dos dois lados file mignon e bacon) e o Bambi Especial (Dois andares de pão de forma, alface, maionese, frango desfiado, tomate, presunto e ovos).
Os pratos quentes também merecem destaque, entre eles o Cordeiro Marroquino (Pernil de cordeiro assado cortado em fatias servidas com arroz marroquino, amêndoas e pinhole), Peixe Tarator (File de badejo temperado, servido com molho especial de tahine, servido com arroz de aletria), Chich Barak (Tipo capelete feitos com massa a moda árabe recheabas de kafta assados e cozidos na coalhada quente. Acompanha arroz com aletria) e Chacrie (fraudinha cortada em cudos cozidos na coalhada quente com cebolas fatiadas, acompanha arroz com aletria).
Como sobremesa não poderia faltar o legítimo Chocolamour (sorvete de chocolate com calda quente, chantilly e farofa Bambi), entre outras delicias como Ataif de Nozes (Delicado crepe recheado com nozes e castanhas com calda preparada com açúcar e água de rosas) e o Malabie (Manjar árabe, preparado com miski, coberto com calda de damasco ou ameixa).
E apesar do ambiente aparecer muito mais requintado, com decoração assinada por João Mansur, a essência da casa será a mesma.
Bem-vindos ao novo Bambi!
Mais sobre o Bambi:
O Restaurante Bambi foi fundado por Louis Sader em 1951, especializando-se em comidas Sírio-Libanesas e tornou-se uma tradição da cidade.
Na Al. Santos próximo a Rua Cubatão, os Sader se instalaram muito antes que qualquer outra casa sequer pensasse em se aproximar da região. Parentes e amigos chamaram os irmãos de loucos, quando eles escolheram o local para suas instalações em São Paulo. Era um matagal e sua principal rua, a Al. Santos, não levava a lugar nenhum. No entanto o Bambi deu certo.
Em 1952, Louis Sader resolveu abrir uma casa maior, na mesma rua. Então, trouxe seu irmão Fares Sader que vivia na Venezuela, iniciando uma sociedade com ele. O nome Bambi, claro, foi inspirado no filme de Walt Disney, que estava no seu apogeu quando a casa foi inaugurada.
Com a experiência, garra e talento dos proprietários, o Bambi rapidamente firmou freguesia e introduziu pratos da cultura Árabe no Brasil.
A comunidade Árabe dispunha apenas de alguns poucos restaurantes no centro da cidade. Porém nenhum deles oferecia iguarias como o Michui – um espeto de Filet Mignon , Kafta (carne moída temperada com Zátar) e uma generosa salada árabe de tomates, cebola, salsinha e hortelã. Logo se tornaram famosos pelo pioneirismo, inaugurando o fornecimento de Kibe e Esfihas muito além dos bairros da colônia na região da 25 de março.
Misturador de talento, Fares Sader acabou idealizando preciosidades que hoje em dia o País inteiro consome sem saber das suas origens. Por exemplo o sanduíche Beiruth.
No Bambi também surgiu a maravilha apelidada de Choc-Mou-Mud ou chocolamour, um sorvete com chantilly, calda de chocolate quente e uma farofa doce, que todo mundo imita sem conseguir aproximar-se da matriz de ingrediente secretos que os Sader inclusive patentearam.
Com o tempo o coração do Bambi se ampliou e sua cozinha recebeu novos pratos internacionais.
Mas no lado libanês da casa sempre foi sua maior virtude. As esfihas , enormes, eram abertas, montadas e assadas à partir do pedido da clientela, seus quibes fritos eram perfumados, densos e compactos e o farto recheio bem pregado à massa exterior. O hommus, pasta de grão de bico, não padecia do falso enriquecimento com farinhas de trigo, a sua coalhada seca prendia à colher, como convém, em vez de escorregar do talher.
Não podemos deixar de citar, Dona Georgina , esposa do dono , que acompanhou seu marido nessa jornada, incansavelmente, dando um toque feminino a casa, e sua mãe, Dona Nadima Abbud Farah que contribui muito para o sucesso do restaurante, hora com suas receitas espetaculares, hora cuidando dos netos com carinho de mãe.
Com seus 50 anos de historia e de pioneirismo, a marca Bambi sobreviveu a tragédias , como
em 1966, quado um incêndio praticamente consumiu sua cozinha e arruinou metade do salão. Em 1971, a morte prematura de um dos seus sócios fundadores, Fares Sader e 1990 uma terceira tragédia poderia ter feito a casa entrar em sua fase terminal. Falece o robusto Louis Sader, que dedicou sua vida aquele restaurante.
Mas Dona Georgina, senhora de incrível resistência, e seus filhos Edgar e Gisele não hesitaram em honrar a memória do fundador ocupando o vazio deixado por ele.
Mais sobre o Chocolamour:
Foi no Bambi que surgiu a maravilha apelidada de Choc-Mou-Mud, brincadeira multilíngue, lama mole (Mou = mole em francês, Mud = lama em inglês), sorvete de chocolate, chantilly, calda quente de chocolate amargo, e farofa doce crocante.
Disseminado o produto, curiosamente o seu apelido se modificou e o sorvete ganhou fama como Chocolamour.
O Fares fazia uma calda de chocolate inacreditável, a quem chamava bem-humoradamente de Mou Mud, e fazia também uma farofa doce de fórmula secreta. Um dia, combinou a calda, a farofa, o sorvete e o chantilly e batizou a sobremesa de Choc Mou Mud.
Nem os garçons, nem os clientes sabiam pronunciar o termo corretamente. Com o tempo virou Chocolamour - disse Louis Sader, irmão de Fares Sader, em depoimento ao querido e amigo jornalista, Silvio Lancelotti.
Bambi
Rua Jorge Coelho, 162 – Jd. Paulistano
Tel.: 3071-4600