De volta como um dos principais pedidos nos bares e restaurantes, o rum é bastante requisitado após o mojito se tornar o favorito do público. O destilado que foi “redescoberto” possui uma nova roupagem, no qual as marcas até optaram por criar versões premium da bebida. De forma intensa, a bebida pode substituir o bourbon ou conhaque em coquetéis como o Manhattan, o Old Fashioned ou o Sidecar, todos populares atualmente.
O que é o rum?
O rum é uma bebida alcoólica feita a partir da fermentação do melaço e outros derivados da produção de açúcar, além do caldo de cana fermentado e posterior a destilação. Conhecida por ter características refinadas e aroma suave, a bebida possui mais de 500 anos e é bastante comparada a cachaça, já que ambas possuem a cana de açúcar como ingrediente inicial. Tal semelhança é diferenciada na legislação do Brasil que ressalta que o rum, acima de tudo, é uma bebida “obtida do destilado alcoólico simples de melaço, ou da mistura dos destilados de caldo de cana de açúcar e de melaço”.
Qual a origem do rum?
A sua criação possui diversas versões, inclusive que a bebida tenha origem no subcontinente indiano por ser um destilado que parte da cana de açúcar. Outros acreditam que tenha surgido nas ilhas caribenhas colonizadas por povos europeus do século XVI. Mas, Barbados alega que o rum também nasceu em seu território, tomado em meados do século XVII pelas plantações de cana de açúcar cultivadas por colonos britânicos. A ilha também defende que a bebida produzida por lá, um patrimônio nacional, é a melhor de todo o Caribe, superando outros países, como Jamaica, Porto Rico, Cuba, Guatemala, entre outros.
Acredita-se que quando surgiu, a fama da bebida não era das melhores. “Kill-devil” foi um dos seus primeiros nomes, e “rum” veio depois, inspirado na palavra que definia a bebida “rumbullion”, algo como “tumulto”. A sua má fama estava relacionada com os efeitos que o álcool produzia em seus apreciadores. Mas, a origem da bebida também está relacionada a um momento marcante da história: o rum era uma das principais mercadorias do que ficou conhecido como o Triângulo do Comércio britânico do século XVIII. O melaço feito nas ilhas do Caribe era negociado com as colônias americanas, onde era transformado em rum e negociado por escravos na África Ocidental que, por sua vez, eram enviados às ilhas do Caribe e forçados a trabalhar nas platations de cana de açúcar.
Com a extração do caldo de cana, é feito um tipo de açúcar bruto que é, na verdade, o melaço e a ele é adicionado leveduras e água, para então começar o processo de fermentação. O tempo em que o melaço vai ficar fermentando depende do resultado. Caso for um rum branco, o processo leva de 24 a 48h; já o rum escuro leva semanas. O produto resultante da fermentação já o rum, mas com graduação alcoólica baixa. Por essa razão, o líquido segue para a destilação que pode ser feita em um alambique com coluna de refluxo que garante maior teor ou um simples que oferece mais sabor e menos álcool.
O rum e os piratas
Os principais apreciadores do rum eram os piratas. Mas não apenas os do Caribe, como também a Marinha Real Britânica que instituiu, em 1731, uma cota diária de rum da Jamaica para homens em seus navios, substituindo as cervejas. Contam que beber rum era mais seguro do que beber água, que apodrecia facilmente em barris. A tradição do rum diário aos marinhos foi encerrada apenas em 1970.
Uma das lendas piratas mais conhecidas com o rum é de Almirante Horatio Nelson. Almirante era o maior nome da história da Marinha britânica que morreu durante a Batalha de Trafalgar, e seu corpo, ao levar de volta para o Reino Unido, foi colocado em um barril de rum, no qual serviu para preservá-lo. Dizem que os marinheiros a bordo beberam o líquido, fato que deu a origem do drink Nelson’s Blood. Acredita-se que em seu nome há um tipo de código que levaria ao mapa do tesouro, como também Dom Facundo, fundador da Bacardi, usou lágrimas de morcegos nas primeiras fabricações.
Tipo de rum
Quando pronto, o rum vai para o envelhecimento, processo que varia conforme o tipo. Para o branco, o envelhecimento é realizado em barris novos por cerca de 3 a 5 anos. Já para obter o escuro, o envelhecimento é feito em barris previamente queimados e pode permanecer lá por 15 anos. Uma das curiosidades é que, por conta do clima tropical, o processo de destilação combina com a bebida, porém a perda por evaporação chega a 10% do total produzido anualmente, feito que é chamado de “porção dos anjos”. Além disso, o rum pode ter graduação alcóolica entre 40 e 45%, mas, os que são produzidos na Jamaica, pode chegar até 75% de álcool. Veja os principais tipos de rum:
• Branco: também conhecido como rum prata, é filtrado até perder a cor. Possui doçura suave e é indicado para a coquetelaria.
• Escuro: o rum possui uma cor mais intensa do que os demais por envelhecer em barris mais robustos. Possui notas de caramelo, ótima opção em receitas de sobremesa.
• Dourado: possui uma coloração de âmbar e sabor mais amadeirado, com notas sutis de baunilha e castanhas. Em alguns drinks, pode substituir o branco.
• Spiced: produzido no Caribe, o rum leva especiarias, como pimenta e canela. Pode ser feito com o tipo branco ou dourado.
• Saborizado: a bebida é infusionada com menos frutas e, logo, menos alcoólica (menos de 40%).
• Premium: a versão “luxuosa” do rum é envelhecida com cuidado para ser degustada pura, com ou sem gelo. Passa mais tempo em madeiras de boa qualidade, no qual ganha notas de chocolate, café e tabaco. Em alguns drinks, é usado para substituir o uísque.
Além da tradicional divisão, devido a grande quantidade de países produzindo, o rum acaba ganhando mais variedade do que imaginado, particular de cada país a dar o seu toque especial. Entre os destaques ficam:
- Rum encorpado: rum escuro com corpo e aromas marcantes, originário da Jamaica, Martinicas e Barbados;
- Rum aromático: além do melaço da cana, o rum possui bagos de arroz vermelho, originário da Indonésia, além de ser utilizado na fabricação de ponche;
- Navy rum: é um dos mais encorpados, produzido na Guiana e em Trinidad e Tobago;
- Rum cubano: leve, com teor alcoólico de 40ºGL, pode ter coloração transparente, ideal para coquetéis, ou dourada;
- Rum da Jamaica: o mais forte de todos os tipos de rum. Possui teor de quase 75ºGL, e geralmente é exportado para a Inglaterra, onde é envelhecido em tonéis de carvalho por muitos anos;
- Rum da Martinica: encorpado, feito do suco da cana no lugar do melaço;
- Rum de Barbados: ótima qualidade, leveza e sabor acentuado;
- Rum de Porto Rico: um dos mais famosos, é leve e com qualidade, conhecido pela marca Bacardi.
Principais marcas de rum
Presente em todos as adegas, supermercados, bares e restaurantes, o rum pode ser encontrado em diversas marcas, no qual se destacam:
• Montilla: de origem brasileira, a marca conquistou os consumidores devido ao seu preço baixo. Apesar disso, não possui grande refinamento na produção ou no sabor. Uma opção para “quebrar o galho” na realização de alguns drinks.
• Bacardi: atendendo a solicitação, a marca criou o “Mojito pronto para beber”. Rum adocicado que possui o sabor do drink: limão e hortelã. Uma boa escolha para aqueles que procuram praticidade, precisando apenas colocar o gelo no copo. A marca possui outros tipos de rum.
• Malibu: o rum Malibu é o mais clássico do mundo. Feito originalmente na ilha de Curaçao, o rum possui a mistura com coco que resulta em um sabor leve e refrescante, ou seja, teor alcoólico de apenas 21%.
• Zacapa: uma das melhores opções para se apreciar o rum, é o Zacapa Centenário 23 anos. De gosto intenso, mas saboroso, o rum é bem avaliado internacionalmente, com envelhecimento feito durante 6 a 23 anos, produzido na Guatemala.
Drinks com rum
De acordo com Murilo Marques, embaixador da Diageo, multinacional de bebidas, o rum nunca saiu de moda, mas coquetéis como o mojito deixara-o em evidência. "Ele é um rum super premium, feito a mais de 2300 metros de altitude com mel virgem de cana envelhecido em barris especiais, como do vinho doce espanhol Pedro Ximénez. Ele torna qualquer drink à base de rum mais saboroso e elegante, diz o embaixador a respeito do guatemalteco Zacapa. Intensas, o rum pode substituir bourbon ou conhaque em coquetéis como o Manhattan, o Old Fashioned ou o Sidecar, drinks que protagonizam sucesso nas melhores coqueteleiras da cidade.
Apesar de parecer uma bebida refinada, o rum possui diversas facetas. De forma clássica, assim como gin e o vermute, a coquetelaria possui diversos drinks disponíveis. Confira:
• Mojito:
60ml de rum • 10 folhas de hortelã • 20ml de suco de limão • 20ml de água com gás • açúcar a gosto.
Em um copo long drink, adicione gelo até o topo. Coloque, nesta ordem, rum, suco de limão e adoce com açúcar. Mexa bem e acrescente as folhas de hortelã. Para finalizar, adiciona a água com gás. Sirva.
• Cube libre:
60ml de rum • 150ml de Coca-Cola • 15ml de suco de limão
Em um copo long drink, coloque várias pedras de gelo, acrescentando em seguida o rum, a Coca-Cola e o suco de limão. Adicione rodelas de limão para dar mais sabor e decoração no drink. Sirva.
• Mai Tai:
60ml de rum • 10ml de licor de laranja • 30ml de suco de limão • 10ml de xarope de amêndoa.
Em uma coqueteleira coloque todos os ingredientes e agite para misturar bem. Sirva em um copo com gelo.
• Daiquiri:
70ml de rum • suco de ½ limão • açúcar para adoçar.
Em uma coqueteleira coloque gelo, suco de limão, rum e açúcar. Agite bem para misturar e sirva em uma taça de Martini.