
Mostra paralela à Bienal reúne obras importantes de artistas brasileiros contemporâneos, antiguidades raras e peças inéditas de colecionadores
Mostra paralela à Bienal reúne obras importantes de artistas brasileiros contemporâneos, antiguidades raras e peças inéditas de colecionadores
Por Kátia Ferraz |
23 de outubro 2006
À exemplo, de 2005, quando organizou a exposição Nóbrega 70 anos, Claudino Nóbrega abre sua galeria para mostrar obras importantes da história da arte brasileira . A mostra Peças do Colecionismo Brasileiro reunirá obras selecionadas por ele dos principais artistas responsáveis pela produção cultural brasileira de todos os tempos. Mira Schendel, Volpi, Antonio Dias, Lygia Clark. Obras raras de Portinari, Di Cavalcanti, Antonio Bandeira, Benedito Calixto, Castagneto, Antonio Dias, Ismael Nery, Pedro Américo, Victor Meirelles, Rugendas, Miguel Arcanjo Benício de Assunção Dutra (Miguelzinho).
Uma pequena mostra da história de arte brasileira
São centenas de peças, muitas inéditas, que comporão a Exposição Peças do Colecionismo Brasileiro dedicada aos artistas e artífices que fizeram a história da arte brasileira. Arte Barroca, mobiliários seculares, pinturas e livros raros mostram a trajetória artística brasileira, desde o descobrimento , até o chamado contemporâneo histórico , produção a partir dos anos 60. Neste caso especifico: uma pintura a óleo sobre tela de Mira Schendel em preto e branco e um Bicho de Lygia Clark são os destaques. Do séc. XIX uma miniatura pintada em marfim retratando o Regente Feijó de autoria de Miguel Beneficio Dutra (Miguelzinho). Também deve chamar a atenção uma rara coleção de 54 esculturas em nó de pinho (técnica escultórica desenvolvida pelos escravos paulistas do período do café no séc. XIX ). Durante vinte dias, Nóbrega Antiquário & Galeria de Arte - Rua Padre João Manuel 1231 - Jardins, mostrará ao público obras inéditas de coleções particulares à venda.
Todas as obras expostas foram meticulosamente examinadas e, as com mais de 100 anos, submetidas ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por meio do Círculo dos Antiquários de São Paulo.
De pai para filho
Segundo Claudino Nóbrega, organizador da exposição, o objetivo desta mostra é reunir de uma só vez vários períodos da história em ordem cronológica, retratando a produção artística mais significativa de cada período e colocando-as à disposição dos colecionadores.
Herdei esta paixão de meu pai e a estou transmitindo à meus filhos. Às custas de nosso trabalho e perseverança continuamos a formar coleções, contribuindo desta forma para a preservação da memória nacional.
É importante ressaltar que, ao prepararmos esta exposição, não tivemos a intenção de mostrar uma trajetória de arte ou promover artistas. Antes, buscamos peças do colecionismo, baseados na experiência de mais de setenta anos no mercado de arte interagindo com colecionadores.
Curiosidades Miniaturas em nó de pinho
De acordo com o texto do catálogo, assinado por Carlos A.C. Lemos, ... foi a produção açucareira do final do século e o arroz de Iguape no começo dos oitocentos que tornaram o negro numeroso nos mapas populacionais paulistas. O culto a Santo Antonio pelos escravos paulistas acredita-se que não tenha passado de uma devoção descompromissada de qualquer prática organizada ligada à tradição africana, ao contrário do que aconteceu em outras regiões brasileiras, onde o nosso santo correspondia ora a Ogum (Bahia), ora Xangô (Recife), a Bará (RJ) ou ao próprio Exu (Porto Alegre). Basicamente, grande parte das aludidas pequenas imagens de Santo Antônio, executadas em nó de pinho, serviam de amuletos trazidos pendurados pelo pescoço e, ao que parece, nas costas dos negros velhos.
Todas as pessoas que entrevistaram negros, quase sempre gente idosa da roça, possuidores dessas pequenas imagens, normalmente escondidas nos fundos de pequenos oratórios em meio a medalhas, fitas, orações especiais escritas e dobradas várias vezes, puderam perceber que esses amuletos eram reverenciados como que em segredo e por isso ocultos da visão de estranhos. Enquanto não estivessem depositadas nos interiores de escapulários chamadas de bentinhos, ou embaixo de vestidos, estariam escondidos nos oratórios dos santos oficiais do ritual católico. Às vezes, tinha-se a impressão de que a posse daquelas imagens seria motivos de uma espécie de envergonhamento perante as pessoas da cidade grande.
Essas imagens de nó de pinho, algumas minúsculas, com pouco mais de um centímetro de altura, foram recolhidas em todo o Vale do Paraíba, na zona de Bragança, Joanópolis e Piracaia. Cornélio Pires citou-as entre os negros da área de influência ituana, especialmente a região entre Piracicaba e Tiêtê. Talvez existam, nas coleções em geral, cerca de trezentas dessas peças apanhadas naqueles territórios pioneiros do café de São Paulo...
Livros raros
Os apreciadores de literatura devem se encantar com a gama de livros raros que estarão expostos nesta Mostra. Entre os destaques está a edição sueca, datada de 1816, de um álbum de Rugendas, em que aparece 40 litografias originais.
A coleção Spix und Martius - Reise in Brasilian, do século XIX , também deve chamar a atenção. São cinco volumes, sendo três de textos, um Atlas e um livro com cantigas populares e músicas de índios.
Iconografia proibida
Outro destaque é a aquarela da Baía de Guanabara, de Rothmeyer, 1789, pintada em um período em que era proibido fazer qualquer reprodução do Brasil.
Serviço:
Exposição: Peças do Colecionismo Brasileiro
De 23 de outubro a 11 de novembro
De segunda a sexta 10 às 20 horas
Sábado das 10 às 17 horas
Local - Nóbrega Antiquário&Galeria de Arte
Rua: Padre João Manuel 1231 – Jardins
Telefone: 3068 – 9388
Entrada franca
Uma pequena mostra da história de arte brasileira
São centenas de peças, muitas inéditas, que comporão a Exposição Peças do Colecionismo Brasileiro dedicada aos artistas e artífices que fizeram a história da arte brasileira. Arte Barroca, mobiliários seculares, pinturas e livros raros mostram a trajetória artística brasileira, desde o descobrimento , até o chamado contemporâneo histórico , produção a partir dos anos 60. Neste caso especifico: uma pintura a óleo sobre tela de Mira Schendel em preto e branco e um Bicho de Lygia Clark são os destaques. Do séc. XIX uma miniatura pintada em marfim retratando o Regente Feijó de autoria de Miguel Beneficio Dutra (Miguelzinho). Também deve chamar a atenção uma rara coleção de 54 esculturas em nó de pinho (técnica escultórica desenvolvida pelos escravos paulistas do período do café no séc. XIX ). Durante vinte dias, Nóbrega Antiquário & Galeria de Arte - Rua Padre João Manuel 1231 - Jardins, mostrará ao público obras inéditas de coleções particulares à venda.
Todas as obras expostas foram meticulosamente examinadas e, as com mais de 100 anos, submetidas ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por meio do Círculo dos Antiquários de São Paulo.
De pai para filho
Segundo Claudino Nóbrega, organizador da exposição, o objetivo desta mostra é reunir de uma só vez vários períodos da história em ordem cronológica, retratando a produção artística mais significativa de cada período e colocando-as à disposição dos colecionadores.
Herdei esta paixão de meu pai e a estou transmitindo à meus filhos. Às custas de nosso trabalho e perseverança continuamos a formar coleções, contribuindo desta forma para a preservação da memória nacional.
É importante ressaltar que, ao prepararmos esta exposição, não tivemos a intenção de mostrar uma trajetória de arte ou promover artistas. Antes, buscamos peças do colecionismo, baseados na experiência de mais de setenta anos no mercado de arte interagindo com colecionadores.
Curiosidades Miniaturas em nó de pinho
De acordo com o texto do catálogo, assinado por Carlos A.C. Lemos, ... foi a produção açucareira do final do século e o arroz de Iguape no começo dos oitocentos que tornaram o negro numeroso nos mapas populacionais paulistas. O culto a Santo Antonio pelos escravos paulistas acredita-se que não tenha passado de uma devoção descompromissada de qualquer prática organizada ligada à tradição africana, ao contrário do que aconteceu em outras regiões brasileiras, onde o nosso santo correspondia ora a Ogum (Bahia), ora Xangô (Recife), a Bará (RJ) ou ao próprio Exu (Porto Alegre). Basicamente, grande parte das aludidas pequenas imagens de Santo Antônio, executadas em nó de pinho, serviam de amuletos trazidos pendurados pelo pescoço e, ao que parece, nas costas dos negros velhos.
Todas as pessoas que entrevistaram negros, quase sempre gente idosa da roça, possuidores dessas pequenas imagens, normalmente escondidas nos fundos de pequenos oratórios em meio a medalhas, fitas, orações especiais escritas e dobradas várias vezes, puderam perceber que esses amuletos eram reverenciados como que em segredo e por isso ocultos da visão de estranhos. Enquanto não estivessem depositadas nos interiores de escapulários chamadas de bentinhos, ou embaixo de vestidos, estariam escondidos nos oratórios dos santos oficiais do ritual católico. Às vezes, tinha-se a impressão de que a posse daquelas imagens seria motivos de uma espécie de envergonhamento perante as pessoas da cidade grande.
Essas imagens de nó de pinho, algumas minúsculas, com pouco mais de um centímetro de altura, foram recolhidas em todo o Vale do Paraíba, na zona de Bragança, Joanópolis e Piracaia. Cornélio Pires citou-as entre os negros da área de influência ituana, especialmente a região entre Piracicaba e Tiêtê. Talvez existam, nas coleções em geral, cerca de trezentas dessas peças apanhadas naqueles territórios pioneiros do café de São Paulo...
Livros raros
Os apreciadores de literatura devem se encantar com a gama de livros raros que estarão expostos nesta Mostra. Entre os destaques está a edição sueca, datada de 1816, de um álbum de Rugendas, em que aparece 40 litografias originais.
A coleção Spix und Martius - Reise in Brasilian, do século XIX , também deve chamar a atenção. São cinco volumes, sendo três de textos, um Atlas e um livro com cantigas populares e músicas de índios.
Iconografia proibida
Outro destaque é a aquarela da Baía de Guanabara, de Rothmeyer, 1789, pintada em um período em que era proibido fazer qualquer reprodução do Brasil.
Serviço:
Exposição: Peças do Colecionismo Brasileiro
De 23 de outubro a 11 de novembro
De segunda a sexta 10 às 20 horas
Sábado das 10 às 17 horas
Local - Nóbrega Antiquário&Galeria de Arte
Rua: Padre João Manuel 1231 – Jardins
Telefone: 3068 – 9388
Entrada franca











