Parada LGBT+ de SP 2025 debate envelhecimento e resistência
Evento traz à Avenida Paulista a urgência de olhar para idosos LGBT+
A 29ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, considerada a maior do mundo, chega à Avenida Paulista no próximo dia 22 de junho com um tema necessário e sensível: "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro". Mais do que uma celebração da diversidade, o evento deste ano quer colocar no centro do debate os desafios enfrentados por pessoas LGBT+ que envelhecem, muitas vezes sem acesso a políticas públicas, sem rede de apoio e invisibilizadas socialmente.
A escolha do tema é fruto de um amplo processo de escuta e diálogo com a comunidade, por meio do fórum “Que Parada Nós Queremos?”, organizado pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP). A proposta é dar visibilidade a uma geração que abriu caminho na luta por direitos, mas que agora encara o envelhecimento com incertezas e vulnerabilidades.
O produtor artístico da Parada, Heitor Werneck, de 58 anos, traz sua vivência pessoal como exemplo da realidade de muitos: "Sempre trabalhei fora do sistema CLT, não tenho família e agora preciso correr atrás de recursos para garantir uma aposentadoria digna. O tema desta edição é muito pertinente para mim e para milhares de pessoas que vivem essa mesma situação", afirma.
Além do aspecto financeiro, questões como a solidão, a falta de serviços especializados e o preconceito em instituições de acolhimento também compõem o cenário de dificuldades enfrentadas por essa população. Dados do IBGE e de organizações da sociedade civil apontam que pessoas LGBT+ têm maior risco de isolamento social e de sofrer discriminação na velhice.
Diego Oliveira, diretor cultural da APOLGBT-SP, destaca a importância de conectar gerações. "Queremos lembrar quem lutou antes de nós, reconhecer vidas que se foram, celebrar as que resistem e projetar um futuro onde não seja mais preciso lutar por direitos básicos", diz.
A Parada deste ano segue com o tradicional formato de trios elétricos, shows e manifestações artísticas, mas com foco em pautas concretas. Entre elas: criação de políticas públicas voltadas à população LGBT+ idosa, inclusão em programas de saúde mental, previdência e assistência social, além do combate ao abandono e à solidão forçada.
Ao convidar toda a sociedade para essa reflexão, a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo 2025 reforça uma mensagem de inclusão e dignidade: envelhecer também é um ato político e todos têm o direito de fazê-lo com segurança e respeito.
