São Paulo Lounge (antigo Brahminha)

Encravado bem na esquina da Ipiranga com a São João ressurge o tradicional Bar Brahma, ícone dos boêmios paulistanos nos anos 50 e 60. Os empresários Álvaro Aoas, Luis Marcelo Lacerda e Rosalem Prado, sócios no empreendimento, conseguiram o apoio de entidades como o Viva o Centro, CONSEG - Conselho Comunitário de Segurança - e as secretarias da Cultura e Segurança do Estado de São Paulo para viabilizar o projeto tanto em termos culturais quanto para cuidar da segurança a região.

Conceito - O novo Brahma não atende somente aos saudosistas. O bar foi completamente repensado para manter o charme do passado com inovações, explica Lacerda. café-bar, almoço e o indispensável happy-hour são a base da estrutura de funcionamento. Temos também a apresentação de músicos e a manutenção de atividades culturais,explica Aoas.

Retrospectiva - O Bar Brahma, fundado pelo alemão Henrique Hillebrecht em 1948 no mesmo prédio onde funcionou a Boate e Confeitaria Marabá, logo tornou-se o ponto de encontro de músicos, poetas, intelectuais, políticos e empresários. Nos anos 50 e 60, o local foi uma referência de elegância e circularam por lá personalidades como Jânio Quadros, Fernando Henrique Cardoso, Adhemar de Barros, Adoniran Barbosa, Orlando Silva, Ari Barroso e Vicente Celestino. Nos início dos anos 60, a repressão alterou comportamentos e tendências e, nesse contexto, o Brahma foi palco de discussões políticas entre os estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e ponto de negócios eleito pelos fazendeiros do interior. Nas décadas de 70 e 80, o centro entrou em declínio e o público mudou. As misérias sociais fizeram deste ponto um lugar perigoso e temido. Anos 90: em julho de 1997, o bar reabriu com o nome de São João 677, após uma reforma de 15 dias. Inglório, seu fechamento no final do ano de 1998 deixou os frequentadores órfãos e encerrou cinco décadas de boemia misturada fortemente à história e à cultura de São Paulo.

História renovada - Os arquitetos Marcelo Black e Sergio Pelegrini, responsáveis pelo projeto de restauro arquitetônico do espaço, retomam as tendências dos anos 50 com toques contemporâneos. Nossa maior preocupação foi modernizar a infra-estrutura operacional sem descaracterizar um ambiente que foi tão marcante, define Black. O projeto coordenou mudanças na área externa da Avenida São João e a recuperação de móveis e objetos originais - lustres, cadeiras e os pianos de meia-cauda - executada por especialistas formados no Liceu de Artes e Ofícios. Já o espaço com acesso pela entrada da Avenida Ipiranga, antigamente conhecido como Brahminha, se transformou em american bar e abriga um espaço cultural permanente.